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Mad Max vs. NeuciMarvel

Confira a coluna Praça Oito desta quinta-feira, 29 de setembro


Demorou, mas a paciência foi paga. Quem gosta de debates quentes teve ontem um prato cheio. Max Filho e Neucimar Fraga praticamente inauguraram o 2º turno em Vila Velha, no que foi, sem dúvida, o mais bélico da série de sete confrontos do tipo promovidos até agora por veículos da Rede Gazeta com candidatos a prefeito das maiores cidades.

Nos seis anteriores, vinha se vendo um padrão: os favoritos na disputa se evitavam, poupando munição para o 2º turno. No de Vila Velha, nesta quinta-feira, não teve esse negócio. No finzinho do último bloco do derradeiro debate da série, Max e Neucimar se alternaram em uma sucessão de ataques mútuos de modo tão virulento que fica a dúvida se lhes teria sobrado alguma carta na manga para a sequência do processo. Com o fluxo de direitos de resposta em série que protagonizaram, eles ditaram o tom agressivo que se deve esperar para a nova fase da campanha, se confirmado o favoritismo e a passagem da dupla ao 2º turno.

Por sarcasmo do azar, ambos se sentaram lado a lado, em posições previamente sorteadas, o que contribuiu para elevar a tensão e propiciar as cenas que se viram no fim: ambos quase se tocando, dedos em riste apontando para o outro, a meio palmo do rosto do adversário. E pensar que, até meados do 3º bloco, tudo caminhava mais ou menos normalmente: Max cutucando Rodney e Neucimar – mas com vara curta, através de Vasquinho, com quem fez inesperada dobradinha mais de uma vez – e Neucimar batendo em Max também por tabela, em resposta a Favatto, por ter sido contra o envolvimento da prefeitura em ações de segurança pública no passado (por causa da celeuma pessoal com Paulo Hartung).

Até a bolha de tensão latente explodir a minutos das considerações finais, Max se limitara a criticar os dois antecessores pelo fim do orçamento participativo e do diálogo com a população, mas se enrolou em malabarismos retóricos para tentar explicar, sem êxito, a súbita mudança de posição em relação a Paulo Hartung. Por sua vez, Neucimar tratara de se apresentar como o “gestor empreendedor”, o candidato que “sonha alto”, mas não conseguiu explicar como é que desta vez cumprirá as ousadas promessas de campanha apresentadas por ele – após não ter cumprido integralmente aquelas irreais com que venceu a eleição em 2008.

Aí veio o terceiro bloco, que aparentava caminhar para um desfecho frio e sereno. De tão modorrento, Max chegou a deixar escapar um bocejo. Deve ter sido de nervosismo. De repente, a besta interna do tucano despertou com toda a força, dirigindo toda a sua energia a Neucimar, cuja fera interior também acordou. Max atirou a primeira pedra: olhou para a sua direita, onde estava Vasco, mas jogou-a para a sua esquerda, onde se sentava Neucimar, para danificar a vidraça do ex-prefeito. Em mais uma tabela com Vasco, Max recebeu deste a deixa perfeita para sugerir que Neucimar é o candidato das propostas mirabolantes (“4D”) e do desrespeito aos cofres públicos (“cinco dedos”). E pronto...

Daí em diante, o que se viu foi uma espiral de agressões; ataques e contra-ataques em cadeia e um continuum de direitos de resposta, engatados um no outro de modo quase interminável.

A direção do debate suou: como num jogo de caixas chinesas, cada direito de resposta concedido e exercido por um deles vinha com novas acusações embutidas e ensejava ao outro o direito de resposta seguinte. A certa altura, a coisa toda ficou tão absurda que começou a parecer um bloco à parte para troca de citações ofensivas, com direito a réplicas e tréplicas; quase uma rodada extra, dentro do último bloco, para ambos poderem se defender dos ataques mútuos e continuar se atacando. E teriam continuado até hoje, se Max não tivesse se cansado e resolvido dar um basta a essa “dinâmica”.

Quanto a Rodney e Favatto, bem que tentaram entrar na brincadeira, mas não teve jeito: com a cena monopolizada por Max e Neucimar, pouco se destacaram e tiveram que se contentar em assistir de muito perto à contenda entre ambos.

Os dois ex-prefeitos mostraram todas as armas, despejando de uma vez a munição que tinham e que não tinham. Provaram que não medirão esforços e palavras para retornar ao cargo. Se agora já está assim, imaginem no 2º turno...

É hoje!

Grande a expectativa em torno do debate da TV Gazeta com os candidatos a prefeito de Vitória, marcado para a noite desta quinta-feira, logo após a novela “Velho Chico”, com mediação do jornalista André Junqueira, editor-chefe da emissora. Em conformidade com a legislação eleitoral, foram convidados os candidatos cujos partidos ou coligações tenham pelo menos dez representantes na Câmara Federal.

Resumo do debate

De um lado, tome Max Filho acusando Neucimar de fazer promessas mirabolantes, de viver com a cabeça nas nuvens, de assaltar os cofres públicos, de distribuir “rebarbas” a aliados, de ter tido campanha em 2006 financiada com recursos desviados da Petrobras, de ter vetado a Lei Municipal da Ficha Limpa, de ter enriquecido no setor imobiliário após o mandato, de ter bens bloqueados e de representar a “velha política”.

Resumo do debate 2

E tome, do outro, Neucimar acusando Max de ser míope, de ter governado com nepotismo e direcionado licitações para parentes, de praticar “um crime organizado com uma pessoa só da família”, de ter recebido doações de empreiteiras investigadas, de ter envolvimento no caso Marval. Pôs em dúvida até o repasse feito pelo PSDB a Max via fundo partidário.

E a dupla Magmax?

Max Filho não assumiu com orgulho o apoio do senador Magno Malta (PR). Citou-o, mas apenas de passagem.

Balanço das contas

O secretário da Fazenda, Paulo Roberto, iria apresentar o balanço fiscal do Estado no 2º quadrimestre à Assembleia na última segunda. A prestação de contas foi adiada para a próxima terça (4), após as eleições, em acordo com o presidente da Comissão de Finanças, Dary Pagung, por conta do alto número de deputados licenciados para participar da campanha.

Cena política

Apesar da tensão reinante, o debate de Vila Velha também rendeu alguns momentos de leveza e de humor involuntário. Em dado momento, Neucimar disse que quase todos os políticos do Estado apareceram na “lista da Odebrecht”. Vasco não tinha a palavra, mas se apressou a dizer que ele não. A seu lado, Rodney não conteve um risinho e o cutucou, como quem diz: “Meu caro, deixe esses dois se matarem que é melhor ficar fora dessa...”

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